Sobre Masi Elizalde

O Último Grande Mestre

Célia Regina Barollo

Julho/2003

Partiu mais um Grande Mestre da Homeopatia. Talvez o último.

Dia 23 de julho de 2003, próximo das 20 horas, em Buenos Aires, Masi Elizalde partiu, deixando um profundo sentimento de desamparo e tristeza em todos aqueles que se nutriam de seus ensinamentos, nos poucos encontros possíveis, e deixou um vácuo de sabedoria, criatividade e determinação na Homeopatia mundial.

Não há palavras para expressar tudo o que Masi significou para a Homeopatia. Ele nos trouxe a compreensão mais profunda de nós mesmos e a verdadeira dimensão da enfermidade humana, acenando-nos com a possibilidade de interferir, com o medicamento homeopático, em sua evolução quase inexorável. Para isso nos mostrou o caminho a ser seguido para a compreensão da dinâmica dos medicamentos e dos pacientes, para podermos aplicar em toda sua amplitude e profundidade o Parágrafo 3 do nosso Organon.

Me pergunto se aprendemos o que nos foi ensinado, ou melhor, se conseguiremos continuar a (re)construir sem ele nossa Matéria Médica, de acordo com a metodologia por ele ensinada.

Nossa esperança é que ele continue, do outro lado, nos assistindo e repassando sua inspiração na hora da conclusão do estudo de cada medicamento ...

Transcrevo abaixo algumas manifestações de colegas, veiculadas pela Lista de Profissionais Homeopatas (Brasil), e que traduzem nosso sentimento pela perda de nosso querido e saudoso mestre:

Palavras de Erasto Luiz de Souza - Presidente do IHJTK

Hoje, 23 de julho de 2003, o mundo homeopático perde a oportunidade de conviver com um grande mestre. Masi Elizalde nos deixou e foi continuar o seu trabalho junto com os grandes homeopatas que, com certeza, o tratam com carinho no mundo espiritual. Para que se restabeleça logo, que perceba com rapidez a mudança de plano de vida e continue desenvolvendo a Homeopatia, a ciência pela qual ele dedicou toda a sua vida enquanto encarnado. Foi um grande privilégio poder passar algumas horas da minha vida com ele, beber um pouco dos seus ensinamentos, conhecer como ele pensava e sentia, as suas qualidades e as suas dificuldades. A sua lembrança estará presente, sempre em cada paciente que irá melhorar com um remédio homeopático bem administrado, daquelas prescrições que nunca poderíamos ter feito se Masi não tivesse existido entre nós.

PROF. DR. ALFONSO MASI ELIZALDE (Missa de 7o. Dia)

O Instituto de Homeopatia James Tyler Kent e a Escola Kentiana do Rio de Janeiro, convidam para a missa de 7o. Dia do querido Mestre e Amigo Dr. Alfonso Masi Elizalde, que será celebrada dia 30 de julho, quarta-feira às 11:00 horas, na Igreja São José, na Lagoa - Avenida Borges de Medeiros, 2.735.

Palabras de Juan Gomes

Aprovecho esta ocasión para rendir un homenaje, desde lo más profundo de mi corazón, a m i maestro Alfonso Masi Elizalde fallecido, súbitamente, aproximadamente a las 20:00 hs. Del día 23 de julio, en Buenos Aires. Que Dios le conceda bienaventuranza eterna, más que por el aporte de su mente brillantísima a la evolución de la Homeopatía (que ya sería suficiente mérito), mas que por eso, decía, por su incondicional entrega a sus ideales, por su absoluta honestidad intelectual y afectiva, por la transparencia de sus actos, por la pureza de su alma... Es decir, como a él le hubiese gustado, por su hombría de bien. La historia de la medicina de Hahnemann le otorgará, sin duda, un lugar de privilegio junto a los grandes maestros de todos los tiempos.

El hecho de ser tan precarias las condiciones de los viajes en la época, talvez valorice el deseo de viajar con lujo que aparece en el experimentador. "DESEARÍA IR AL CAMPO Y VIAJAR CON MUCHO LUJO", podría tener importancia para la comprensión de la dinámica y de alguno de los grandes temas del medicamento, si se lo considera en el contexto del resto de la sintomatología.

E aquí el texto que, erróneamente, intenté enviar como archivo adjunto:

"CUANTO MAS PALPABLE ES UNA VERDAD, MÁS TIEMPO REQUIERE PARA CONQUISTAR EL LUGAR A QUE TIENE DERECHO. LOS OBSTÁCULOS QUE SE COLOCAN EN SU CAMINO SE DEBEN A QUE ESA VERDAD DESENCADENA A SU ALREDEDOR UN VERDADERO ODIO. PUES ELLA ANUNCIA UNA REVOLUCIÓN, UNA PERTURBACIÓN DE LOS INTERESES EXISTENTES Y DE LOS LUGARES CONQUISTADOS." (SAMUEL HAHNEMANN - 1808)

Colegas e especialmente Juan,

Foi com imenso pesar e dor profunda no coração que soubemos do falecimento do grande mestre Elizalde. Quem o conheceu e acompanhou a evolução de seu brilhantíssimo trabalho em prol da homeopatia deve estar sentindo a mesma tristeza imensa por essa perda prematura. Fazemos dos votos do Juan os nossos votos. Que Deus conceda a bem-aventurança eterna a esse mestre incomparável, homeopata notável e homem de bem.

Eneida e Mirtes.

Colegas, amigos e ex-alunos do "Maestro"

Tal e qual o colega Paulo Rosembaum, custei a sair do silêncio, logo eu que tenho por hábito "responder na bucha" mensagens e assuntos que me dizem respeito. O "Maestro" mudou- se de plano quarta-feira, "miercoles", é muito mais bonito em espanhol, à noite. Eu estava assistindo um jogo de futebol na televisão, um dever de brasileiro rude que descansa de um dia de trabalho e angústia. Soube no dia seguinte: _ "Maestro, nem uma saideira?", _ "¡No, Gerbasio, me voy a tener con Gardel e a ti solo resta danzar un tango argentino!". Há muitos anos não via o "Maestro". Desde 1988 quando fiz uma reciclagem na APH com ele, precedido de um "intensivo" lá mesmo somente para umas quinze pessoas. Nem quando estudei no Kentiano fiquei tão perto do mestre. O melhor de tudo foi constatar que ele, apesar de para alguns ter um "pensamento fechado", era permissivo, sim esta palavra mesmo, a qualquer argumentação por absurda ou contrária que fosse. Pelo menos naquele dia. Chegou a hora do almoço e o Henrique Stielfman me convidou a integrar o grupo que almoçaria com o Masi, aliás, Elizalde, como os paulistas o chamavam. Confesso que tremi, pois tinha certeza que morreria pela minha boquirrotice iria causar algum choque metafísico se eu tocasse em algum assunto do gênero. Qual o que. O destino me colocou à frente do Masi. Ele pediu chopp no almoço. Já que ele pediu, eu fui nessa também e não foram poucos. O que eu temia aconteceu: entrou a metafísica no meio. Neste momento tive a exata medida do que é ser sábio e humilde no saber. Confesso: achava que o "Maestro" teria, como todo professor, lá suas vaidades. Descobri que, se tinha alguma não era na intelectualidade e muito menos n'alguma coisa que o impedisse ser generoso. O tema da nossa conversa foi anarquia, politeísmo, monarquia e monoteísmo. Não sei quanto tempo durou a conversa, meia hora que tenha sido, mas o suficiente para que eu compreendesse como a generosidade, a paciência, a paixão e o prazer de uma boa mesa de amigos podem formar um círculo divino. É, divino mesmo. Ter tomado chopp com o "Maestro" foi como experimentar um sintoma de Veratrum album: tomar chopp com Deus. Tive a impressão, depois daquela reciclagem, que algo além de aprender muita Homeopatia havia acontecido. Aprendi a ser deliciosamente "burro" e eterno aluno. Como diz o Paulo Rosenbaum, qualquer homenagem acaba ficando aquém do homenageado. Ah, sim: a iconoclastia! Esta acabou sendo grande tônica (sem água: gin por favor) da nossa breve conversa. Mais tarde, no cafezinho do intervalo, ele comentou comigo sobre os seus alunos italianos, de Florença, que com ele, pegavam seus instrumentos e iam para só bares tocar e compor sobre temas miasmáticos. Juro que passei uma boa parte destes anos pensando em juntar algum para um dia ir até lá e participar disto. Agora, deixa estar. Vai nessa "Maestro" que ainda haverá trabalho por fazer com Hahnemann, Kent, todo o Bandeira de Ouro e outros como já disseram seus outros alunos. Porém se o meio do caminho, se por lá tiver intervalo ou fim de semana, "beba algumas" com dois outros "maestros" queridos, o Jobim e o Piazzola. Dizem que a mesa lá está tão boa que a Cássia Eller já está cantando tango. !Ahora solo falta usted! Muita luz, amor e alegria, "Maestro"!

Gervásio

Confesso que nunca morri de amores pelas ideias homeopáticas do Masi. Mas, por uma resposta sua a um questionamento, durante um curso que fiz com ele, aprendi a respeitá-lo como um ser humano especial: "Professor, por que o senhor não publica um livro com suas ideias?". "Porque minhas ideias sobre qualquer coisa podem mudar totalmente de uma hora para outra. Então, como eu suportaria ler em um de meus livros uma opinião sobre algo a respeito do qual eu já estaria pensando totalmente diferente? ” Gosto de gente que tem a coragem de mudar de opinião, ao se convencer do contrário. Que sua Grande Transição seja suave e feliz!

Sídney Assis (Brasil- Belém-PA)

MASI,

O último mestre!

O último dos iniciados!

Só posso agradecer a Deus por ter tido a ventura de ter acompanhado a maioria das jornadas do Mestre no Brasil, no velho IHB.

Até a vista Professor, vá ter a sua tão esperada charla com Hahnemann, Kent e Allen. Aproveite para continuar a sua charla com su papa...

E para alegria de todos nós, já que está na outra dimensão mesmo...faça as pazes com o Paschero... A gente foi fiel ao senhor, mas bem que todos nós gostávamos do velhinho também...

Enfim...

Masi ha muerto!

Masi ha muerto! Que hacer?

Como disse Manuel Bandeira..."Nada, só resta dançar um tango argentino..."

Flávio Mussa

Palabras de Federico Fisch

En nombre de sus discípulos, voy a despedir al maestro.

Hoy es un día triste para todos los aquí reunidos. Hemos venido a despedir a un Grande. Sin embargo, es un buen momento para dar gracias a Dios, por la oportunidad que nos dió de haber conocido y de haber tenido como maestro a Alfonso Masi Elizalde.

Fue Alfonso el ejemplo del hombre de una singular agudeza, perspicacia y profundidad de miras en aquello que lo apasionaba, y enorme fue su contribución al esclarecimiento de parte de los misterios del insondable problema de la salud y la enfermedad. Encontró en la homeopatía el medio para desarrollar sus ideas y para proponer respuestas a muchos interrogantes.

Su marcada inquietud intelectual le hizo buscar respuestas y vías de investigación que lo llevaron siempre un paso más allá de lo habitualmente aceptado y conocido. Fueron esas ansias de esclarecer aquellas obscuridades el impulso que lo movió, con la fuerza y la convicción de un cruzado, arremetiendo contra todos los obstáculos. Fue tal la convicción, la fuerza y la pureza con que emprendió esta tarea, que no hubo impedimento que lo amilanara. Esa misma entrega sin límites le deparó no pocos problemas: es que todo adelantado debe luchar con cierta incomprensión de parte e los que se refugian en la comodidad de lo conocido, lo aceptado y lo establecido.

Pero para Alfonso las dificultades no fueron más que acicates para redoblar los esfuerzos por

superarlas. Incansable buscador, su inquietud lo llevó siempre a ensanchar los horizontes de su querida homeopatía, y así fue como, una y otra vez, nos sorprendió con sus originales propuestas dirigidas a comprender más y mejor los interrogantes que plantean la naturaleza del Hombre, de la salud y de la enfermedad.

Hombre generoso, estuvo siempre dispuesto a trasmitir y a enseñar todo lo que sabía, sin retaceos, a quienquiera que se le acercara. Es más, por ser un verdadero maestro, tenía plena conciencia de las limitaciones humanas, por lo cual nunca se creyó dueño de la verdad. Abierto a cualquier cuestionamiento que se le hiciera, era un ferviente defensor del debate, de la discusión y de la sana confrontación de las ideas. Quienes lo hemos seguido de cerca, somos testigos de su incansable reclamo, en cualquier lugar y oportunidad, por lo que él denominaba "la sana polémica", pues no se cansaba de repetir que el objetivo perseguido era el esclarecimiento. Decía, además, que las preguntas eran para él el incentivo que lo movía a buscar respuestas satisfactorias para todos los interrogantes no satisfechos.

Objetivo y realista, siendo él un notable adelantado, tenía plena conciencia de lo que aún queda por desarrollar. Solía traernos nuevamente a la realidad, cuando tentados estábamos de creer haber avanzado significativamente. Entonces lo oíamos decir cosas tales como: "No somos homeópatas: somos médicos con algunos conocimientos de homeopatía". O también "Dentro de 300 o de 400 años, la homeopatía estará en condiciones de curar..."

Se fue un Grande. Nos deja su ejemplo y sus enseñanzas... y nos contagió su pasión.

Texto lido por Nora Caram como despedida

El mismo también fue leido como cierre del ultimo seminario del Dr Alfonso Masi Elizalde.

El conocimiento o convicción opuesto a la opinión. Poco puede saber cualquiera que no sea el hombre espiritual, quien tiene en su corazón una piedra de toque de la verdad vital. Los otros, indecisos ante dos opiniones, vuelan hacia su nido con una sola ala. El conocimiento tiene dos alas, la opinión tiene sola una.La opinión es débil y vuela en forma desequilibrada.El ave que tiene una sola ala se cae rapidamente y de nuevo vuela uno o dos pasos mas. El ave de opinion va cayendo y levantándose en una ala, con la esperanza de alcanzar su nido. Cuando él escapa de la opinión y el conocimiento es visto, el pájaro obtiene dos alas y despliega ambas. Después él "camina erguido por el recto camino, sin humillarse ni arrastrarse". El vuela con dos alas igual que el ángel Gabriel, libre de opinión, de duplicidad y de vana charla. Aunque el mundo entero le diga "Tú estás firme en el camino de la fe de Dios". Él no se vuelve más ardiente por sus palabras, ni su elevada alma se inclina de su curso. Y aunque todos le digan "Estás en el caminino errado, tu te crees que eres una roca pero sólo era una brizna de hirba". Él no reincide en la opinión ante sus sensuras, ni es ofendido por su malevolencia.

No, aunque el mar y las montañas le gritaran, diciendo: "Tú estás casado con el error" él no reincidiria ni una pizca en vanas imaginaciones ni se sentiría apenado por los reproches de sus enemigos.